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Wednesday, December 8, 2010

As mulheres na Pintura Brasileira

Sabe faz um tempo venho lendo algumas coisas sobre a influência da mulher na pintura brasileira, claro que em 1922 temos a grande descoberta da anita malfatti que mesmo sem entender o que estava causando suas obras bem modernistas e com críticas de Monteiro Lobato, começaria a escrever a história das mulheres na pintura brasileira, mas o que sempre me intrigou em Anita Malfatti foi sua desprentenção em inventar algo com suas pinceladas singelas e ao mesmo tempo vibrantes do impressionismo, mas que tinham cores e que cores e as formas então....pode até realmente ter incomodado no início que o diga o saudoso Monteiro Lobato com o seu artigo, publicado no O Estado de S. Paulo, com o título: Paranóia ou Mistificação?
A boba. 1915-16. Óleo s/ tela (61x50,5). Col. Museu de Arte Contemporânea da USP, SP

A carga pesada de Lobato contra os modernistas, centrada exclusivamente em Anita, o alvo mais próximo naquele momento, minou a confiança da pintora em seu trabalho, deixando seqüelas irremediáveis, como sintetizou Mário de Andrade: "Ela fraquejou, sua mão indecisa se perdeu." mas veio pra ficar na história da arte brasileira como um marco do novo, do moderno.
O homem de sete cores. 1915-16. Carvão e pastel s/ papel (60,7x45). Col. Roberto Pinto de Souza, SP


Pensando nisso comecei a observar a influência da mulher na pintura e em que momento ela surgiu, então percebi que a história da arte brasileira e das mulheres na pintura estão ligadas intimamente.
O homem amarelo. 1915-16. óleo s/ tela (61x51). Col. Mário de Andrade, Instituto de Estudos Brasileiros da USP, SP

Em 1816, a Missão Francesa veio ao Brasil para implantar uma Academia de Belas-Artes. Problemas políticos, sobretudo a desconfiança política em relação aos franceses, retardaram o projeto por dez anos e somente em 5 de novembro de 1826 é que instalou-se oficialmente a Real Academia de Desenho, Pintura, Escultura e Arquitetura Civil, hoje conhecida como Escola Nacional de Belas-Artes.
Nesse lapso de 10 anos, as aulas se davam em caráter informal, não havendo, entretanto registros de que alguma mulher tenha participado delas. Como também não se tem registro, nos anos seguintes, de mulheres que tenham estudado na Academia e, muito menos, que tenham exposto obras nos Salões de fim de ano.
A Arte, para a mulher, continuava restrita ao lar.
A abertura dos Salões anuais, na Academia, era uma grande festa, com a presença do Imperador, dos professores, alunos, críticos de arte e convidados.
Depois de um longo discurso do diretor, passava-se à entrega dos prêmios, seguindo os critérios bastante conservadores da comissão julgadora, com registro em ata.
Pois é na leitura dessas atas que vamos encontrar a presença feminina se insinuando, a partir dos anos1870. Em 1876, Francisca Breves ganha a 2ª Medalha de Ouro e Elvira Airosa fica com Menção Honrosa.
Em 1884, a medalha de ouro é entregue a Abigail de Andrade; Guilhermina Tolistadius e Julieta Adelaide dos Santos recebem menção honrosa. Sem qualquer título, são citadas também, de passagem, as pintoras Rosa Merys, Maria Teixeira de Farias e a baronesa de Araújo Gondin. A partir de 1894, a presença de mulheres nas premiações passa a ser uma constante, quase sempre com simples menção honrosa de 1º e 2º graus.
Existem, porém, exceções. Em 1900, por exemplo, Julieta França ganha o cobiçado prêmio de viagem ao exterior e torna-se pensionista da República. Em 1905, Ana Vasco e Maria Vasco, alunas de Benno Treidel e participantes de seguidas exposições, ganham a medalha de prata. O mesmo acontece com Georgina de Albuquerque em 1912 e 1916. Maria Pardos e Sílvia Meyer também conquistam esse prêmio em 1915. No mais, outros nomes vem citados, mas tão somente com menções honrosas, nível em que nomes de mulheres chegam a competir, em número, com concorrentes masculinos.
Então chegamos a 1917 e a exposição de 1922 de Zina Aita e de todas as contribuições de Anita direta e indiretamente para construir o espaço artístico feminino, A arte moderna livrava-se das limitações impostas pela crítica conservadora; a mulher passava a ter presença atuante na pintura e, com os ventos do Modernismo, surgia um dos grandes fenômenos de todos os tempos da pintura brasileira: Tarsila do Amaral, que não participou da Semana por achar-se fora do Brasil.
O espaço estava conquistado, as barreiras foram se rompendo e a pintura, acadêmica ou moderna, passou a ser uma atividade de dois gêneros.
Acabaram-se as limitações quanto ao sexo e permanecem tão somente as limitações do mercado, comuns a homens e mulheres.

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