"Creative Sunset"

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Thursday, January 6, 2011

Buried

Pra começar 2011 com entusiasmo e expectativas positivas de um ano expetacular, vou comentar um filme que me surpreendeu, Buried (Rodrigo Cortés,2010). A começar pelo roteiro bem pensado e desvinculado da mesmice que já estamos acostumados na maioria dos filmes atualmente. Meu interesse por esse filme foi justamente por ele tratar de um cara que está preso, nada mais e nada menos, num caixão, isso realmente já chama a atenção, sem dúvida, quem pode se imaginar em uma situação dessas. A medida que o filme passa em seus 95 minutos, além da sensação claustrofóbica que nós espectadores sentimos, literalmente, e isso é o que nos pertuba, nos deixa tensos,  faz com que queiramos que aquela situação acabe logo, esperando até o último minuto o desfecho do filme.
O jovem diretor Rodrigo Cortés  que é produtor, editor e roteirista espanhol,  dirigiu “Concursante”, filme não lançado no Brasil, que crítica as taxas que os governos cobram sobre tudo que se ganha, inclusive prêmios. Conduz o seu segundo longa Buried que tem por título aqui no Brasil de Enterrado Vivo, de forma satisfatória, conduzindo uma história aparentemente sem rumos e até sem muitas perspectivas de dar certo, inclusive por se passar em um único cenário, um caixão de madeira que já limita diversas situações filmicas provaveís, mas que o diretor consegue conduzi-lás para aumentar o suspense ainda mais.
A história de Paul Conroy (Ryan Reynolds) vai nos sendo apresentada à medida que o seu desespero em sair daquela situação aumenta, a priori temos um homem americano que trabalha como motorista de caminhão no Iraque. Ele acorda, sem saber como, enterrado vivo dentro de um caixão de madeira. Sem saber o que aconteceu e o porquê de estar ali, aí toda a complexidade de emoções que Ryan Reynolds tem que desempenhar, pois é o único em cena, não dá pra falar desse filme sem destacar a performance desse ator, vindo de diversos filmes sem muita carga dramática como Blade:Trinity, The Amityville Horror ( 2004)  e com uma veia cômica ainda mais evidente em sua carreira de forma leve como Definitely, maybe (Três vezes amor,2008), os mais recentes  e com maior destaque temos X-men Origens: Wolwerine e The Proposal (A  proposta) ambos em 2009. Seu desempenho é satisfatório, faz o que tem que ser feito, com uma carga de emoção e expressividades ainda não vistos em seus outros filmes, e ele o faz bem, por isso pode-se dizer  que Ryan Reynolds pode fazer desse filme um divisor de águas em sua carreira, até pra desvincular um  pouco o rótulo de rostinho bonito de hollywood, apesar que esse rótulo é díficil de ser tirado pois recentemente, ele foi eleito o homem mais sexy vivo pela People Magazine. 
Mas o que mais interessa em Buried é a crítica ao governo estadunidense, tocando em pontos falhos de seu governo como as empresas contratadas para reconstruir o Iraque, o sistema odiaveís das empresas de telemarketing, tudo isso é explorado através do psicológico de Paul Conroy e seus telefonemas angustiantes,  que acabam construindo sua identidade através de nossos olhos, não posso compará-lo a um filme  Hitchcockiano, mas Rodrigo Cortés sabe o que está fazendo e surpreende, pois a um mestre do suspense que fez tantos filmes extraordinários que mexeu com as fraquesas do ser humano de forma tão brilhante e inesperada como em Festim Diabólico(1948) que também usa apenas um cenário, um apartamento para desenrolar a história, e por isso volto a Rodrigo Cortés que utilizou de seus sete caixões para fazer as tomadas onde Ryan Reinolds se desdobra pra desempenhar o que sentimos: medo, pavor, angústia, utilizando dessa limitação um efeito extraordinário e isso é a questão do filme, o final é perfeito e não poderia ser outro nos momentos finais nos sentimos estupefatos mas sem nenhuma surpresa e fica-se assim, é o que esperávamos, é o que o filme veio fazer e fez, a  redenção diante de nossos olhos justamente por estarmos cansados de ver  filmes de modismos e mesmices.

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